Papagaio Charrão – Amazona pretrei

Papagaio Charrão – Amazona pretrei

Amazona pretrei
(Timminck 1830)

Inglês: Red-spectacled Amazon
Português: 
Papagaio Charrão

Distribuição: Sudeste do Brasil, desde o sul do estado de São Paulo até o estado do Rio Grande do Sul e a Província de Misiones na Argentina. Possivelmente também no extremo sudeste do Paraguai e norte do Uruguai.

Descrição: Sua plumagem em geral é verde, com exceção das asas, onde todas as penas têm um bordo preto distinto. A testa, a região das narinas, a parte de cima da cabeça, a área do olho, parte das coxas, a dobra da asa e a extremidade da asa são vermelhas, as penas primárias são verdes com as pontas azuis, as penas da parte de cima do rabo são verdes com as pontas verdes amareladas e vermelhas na base de interna de três penas laterais, o círculo ao redor dos olhos é branco, o bico é cinza da cor de chifre, a íris é amarela alaranjada e os pés são cinzas amarelados claros.

Comprimento: 32 cm.

Hábitat: Florestas. Preferem as florestas com o pinheiro do Paraná (Araucária angustifolia) e o Podocarpus lamberti a 1.000 m e áreas de floresta ao longo de rios a baixa altitude.

Status: Hoje é raro e em perigo de extinção. A causa principal é a captura para o comércio. Só é encontrado ainda regularmente no Rio Grande do Sul e em parte do sudeste do Brasil. Migrações sazonais de pequenas populações ainda podem ocorrer na Argentina e no Paraguai.

Hábitos: Fora da época reprodutiva andam principalmente em grupos de família ou bandos entre 05 e 150 pássaros, mas agrupamentos maiores podem ser vistos em lugares de descanso. Antigamente até 30.000 pássaros poderiam ser visualizados gritando e cujo barulho feito era ensurdecedor. Fazem uma rota regular de vôo para lugares de descanso e estes normalmente estão localizados em florestas de Araucária, que são poucos e bem determinados, onde a população inteira pode ser encontrada. Por causa de mudanças sazonais, estes lugares são mudados ocasionalmente sem razão aparente. Durante o período reprodutivo andam em pares e quietos, sendo então difíceis de serem descobertos. Caso contrário são distintos e ruidosos. Podem ser vistos voando em cima e ao redor das árvores durante dia. Regularmente visitam certas áreas onde há algum pássaro residente. Seu chamado é estridente, metálico e dissilábico, repetido rápido e duas vezes. Seu vôo é poderoso e ondulante, mas com batidas de asa rasas.

Características: Pertencente à família psittacidae e não há nenhuma subespécie. Embora vivam em bandos, são monogâmicos. São muito resistentes, gostam de tomar banho e não são muito barulhentos como outras espécies, apenas no começo da manhã e no fim da tarde gritam um pouco. Rapidamente se acostumam com novos tratadores. Podem ser mantidos em colônia fora da época reprodutiva, desde que em viveiros grandes.
Tem desaparecido de seu habitat natural devido a sua captura para o mercado de animais de estimação. São animais que se adaptam muito bem ao convívio com seres humanos, sendo que, no estado selvagem não toleram a sua presença e a sua aproximação. Em cativeiro temos que ter o cuidado, e isto se aplica a todas as espécies de papagaios, para que eles sejam o mais felizes possível. Uma ave que está muito tempo sozinha e fechada em casa, que está perto de ruídos estranhos ou em condições (gaiola, alimentação e distrações) pobres, não é uma ave feliz. Papagaios são aves muito sociáveis que precisam da companhia de outras aves ou de pessoas; como todos os seres vivos, querem atenção e as melhores condições, sem essas se tornam tristes e podem entrar em stress, chegando mesmo a arrancar as próprias penas e até as próprias unhas, casos que depois são muito difíceis de corrigir. Uma vez destruído o folículo da pena ela jamais nascerá novamente. Devemos sempre que possível colocar galhos, folhas ou brinquedos para que se distraiam, evitando-se assim o seu desejo em arrancar penas, proveniente do stress.
A condição mais importante para quem compra, seja uma ave de companhia ou para criação, é saber a história da ave. Deve-se sempre comprar aves criadas em cativeiro, tentando assim contribuir para a não extinção da mesma, além de também facilitar a nossa relação com elas. Quando criadas em criatórios, estão acostumadas à presença de seres humanos e dificilmente sofrem stress ou contraem doenças, estando aclimatadas às condições de cativeiro.
Quando se tem um casal não é muito difícil que se consigam filhotes. Se quiser fazer uma criação, leva-se em conta que um casal reprodutor não é só um macho e uma fêmea, e sim, um macho e uma fêmea compatíveis. Como nos humanos, por vezes um não gosta do outro. Se tiver a certeza que é um macho e uma fêmea, que são adultos (mais de 03 anos) e que não reproduzem, algo está errado, pode ser que não sejam um par compatível. Procure encontrar o possível problema e, se chegar à conclusão da incompatibilidade, troque uma das aves.

Dimorfismo (diferença sexual): Machos e fêmeas são praticamente idênticos, mas as fêmeas tem menos vermelho. A extremidade da asa frequentemente é verde e as penas entre a curva e a extremidade da asa são verdes.

Dieta natural: Sementes, bagas, frutas (Eugênia sp, Campomanesia sp, Nectandra sp, Ocotea sp ), provavelmente também flores, brotos e nozes. Costumam se alimentar em árvores. A fonte de comida principal é sazonal; de janeiro a fevereiro comem Podocarpus lamberti, de abril a julho Araucária angustifólia. Agrupamentos grandes podem ser vistos quando estão se alimentando em árvores durante estes períodos, depois disso os bandos se separam em grupos pequenos.

Alimentação: Em cativeiro deve-se oferecer a maior variedade de frutas, sementes (girassol, semente de abóbora, alpiste, arroz com casca, aveia, etc…), sementes germinadas e legumes. Gostam muito de milho verde, mas são verdadeiramente apaixonados por frutas. Não devem comer muita aveia no máximo (03) vezes por semana para não engordarem muito e ter sempre atenção para não abusar do girassol, que em excesso podem causar problemas no fígado e levá-lo a morte. Precisam de uma quantidade maior de vitamina C que outros papagaios, principalmente nos períodos de aclimatação e de épocas de muita chuva, pois são muito sensíveis a resfriados. Possuem uma tendência para escolher uma dieta desequilibrada e se tornarem obesos. Existem complexos granulados muito vantajosos do ponto de vista substancial, pois oferecem uma grande variedade de vitaminas e outros componentes necessários à boa saúde das aves. Ração peletizada/estruzada específica para papagaios e outros psitacídeos poderão ser encontradas em lojas especializadas.

Período de reprodução: De julho a dezembro.

Reprodução: É raramente é alcançada, principalmente por existirem poucos pássaros em cativeiro. É essencial isolar o casal durante esse período, colocá-los em um viveiro quieto é muito vantajoso. Importante variar bastante a alimentação para que os filhotes tenham um bom crescimento. Quando é possível, é interessante que a medida em que a fêmea coloque os ovos, vá se retirando e trocando por ovos de plástico e assim que ela termine de botar o último ovo, retire-se os de plástico e coloque os de verdade, para que ela comece a chocá-los ao mesmo tempo, evitando-se assim que os filhotes nasçam em dias diferentes, o que seria muito ruim porque os que nascerem primeiro, muitas das vezes, não permitem que os mais novos se alimentem direito, vindo no final a falecer.

Amadurecimento sexual: 03 anos.

Idade reprodutiva: Acredita-se que um papagaio possa viver em cativeiro, com os devidos cuidados entre 40 e 60 anos e que consiga reproduzir até os 40 anos ou mais.

Quantidade de ovos: Postura de 02 a 04 ovos normalmente, ocasionalmente podem estar infecundos ou os filhotes morrerem dentro do ovo, podem fazer até 02 posturas por ano. O ovo mede 34.7 x 26.3 mm.

Ninhos: Na natureza fazem seus ninhos nos ocos de árvores altas e muitas vezes mortas (ninhos a 10 m em Casearia e Qillaja brasiliensis e entre 7.8 m e 9.2 m em Ficus e Cuparia vernalis), usando o mesmo buraco todos os anos. Os buracos feitos por pica-paus são os mais usados. Costumam forrá-los com pequenos pedaços de madeira deteriorada. Em cativeiro, verticais em “L” são os preferidos porque evita que os pais ao descer se joguem em cima dos filhotes. Deverão ser revestidos de chapa na entrada, nos cantos externos e algumas partes internas, para que elas não o destruam. É interessante que a boca do ninho seja protegida por uma folha de zinco. Assim como as quinas do ninho que o bico delas pode alcançar, por cantoneiras de ferro para evitar que elas o destruam. Além disso, deve-se pregar uma tela por dentro da boca até o fundo do ninho, para facilitar sua descida e subida. Havendo a possibilidade, os ninhos feitos de toco de árvore têm uma ainda melhor aceitação.

Tempo de incubação: 26 dias.

Temperatura de incubação: 37, 5º C.

Umidade: 45 a 50%.

Filhotes: Os filhotes são semelhantes aos adultos, mas com a plumagem mais fosca, a faixa amarela da nuca é mais estreita e a cor cinza da ponta do bico é bem mais extensa. A plumagem de adulto será atingida aos 20 meses. Se ficar muito frio não terá força para levantar a cabeça e consequentemente não conseguirá se alimentar e mesmo que a mãe tente aquecê-lo ele morrerá. Logo, é interessante que em lugares de clima frio se use serragem como forro para o ninho enquanto que para lugares de clima quente use-se areia. Saem do ninho após 12 semanas e depois levam um bom tempo ainda sendo alimentados pelos pais. Para que fique manso (pet), é preciso retirá-lo do ninho com 30 dias e tratá-lo na mão. Se destinados à reprodução é interessante que sejam apresentados a outros jovens da mesma espécie, pois se forem isolados por muito tempo do contato com sua própria espécie, podem simplesmente não reconhecê-los como par. O pássaro criado em cativeiro, de preferência manso, reproduz mais rápido do que o selvagem.

Viveiros: Proporcione lugares para que possam se esconder. Não existe um tamanho padrão de viveiro, mas para que voem bem e possam gastar suas energias o mínimo é de 2×1, 5×1 m, porém podem também ser criados em gaiolas. Os poleiros devem ser grossos para desgaste. Importante saber que os viveiros deverão ter tela galvanizada, fios arredondados e bastante resistentes para evitar que elas o destruam ou as suas penas, 40 a 50% de área coberta, para proteger os ninhos e as aves, do frio, do sol e da chuva. Além disso, os viveiros devem estar em locais onde estejam protegidos de ventos frios por paredes, cercas vivas, quebra ventos e de forma a receber o sol da manhã.

Tamanho da anilha: 08 mm.

Fezes: Pastosas. Líquidas ou brancas pode significar algum tipo de doença.



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